O Chromecast Ultra, o PC Gamer e a Gestão de Requisitos

Todo mundo precisa de algo lúdico para se distrair de sua realidade por algum tempo; algo como um hobby. O meu é o cinema. Em 2014, passava por uma época muito triste de minha vida e decidi construir um cinema para mim e tentar me alegrar de fora para dentro. Atualmente, o que tem ocupado esse espaço lúdico em minha vida é pegar lixo tecnológico, que a gente vai acumulando e dar algum uso; por exemplo, aqueles HD que vão se acumulando. Já que não posso conter os efeitos dos anos em mim, ao menos, faço isso com outras coisas,

Com a aproximação do apocalipse, decidi então baixar as minhas mídias do iTunes da nuvem de forma que pudesse me lembrar dos dias de hoje no mundo pós apocalíptico. A questão da energia solar, da comida desidratada e da purificação da água do mar é outra história.

Nesse processo, passei em algumas lojas para comprar um computador com o propósito de ligar esses HD e servir como eixo na organização e distribuição das mídias pelos diferentes cômodos da casa. Em cada loja que ia, um vendedor queria me empurrar um equipamento com placa gráfica parecendo um carro de fórmula 1, porque necessitava suportar 4K, eles diziam. Eu me perguntava como era possível um Chromecast Ultra suporta 4K com aquele tamanho e preço. A diferença de ambos está em uma ordem de grandeza.

Foram várias lojas até que alguém me deu uma resposta convincente: Enquanto o Chromecast Ultra apenas reproduz uma mídia em 4K o PC necessita construir uma mídia de 4K em tempo real; por isso, aquela especificação de placa gráfica, Mas eu não sou gamer ou designer,

Há 30 anos tenho trabalhado no sentido de avançar a maturidade da governança do desenvolvimento de software e no desenvolvimento de melhores práticas para o desenvolvimento, medição e gestão de requisitos. Operamos um Escritório de Métricas onde diferentes representações dos requisitos se traduzem em unidades de produto para o planejamento e monitoramento do desempenho no desenvolvimento de software. Um dos comentários mais comuns, que escuto de nossa equipe é sobre a baixa maturidade na gestão dos requisitos.

Ainda assim, investe-se tempo e dinheiro nessa gestão de requisitos. Por que não fazer a gestão da produção a partir de elementos concretos como telas, programas, tabelas e etc. Porque não fazer isso com um contato direto com o cliente e em ciclos tão curtos, que tornem a gestão de requisitos nos moldes da ISO desnecessária? Tratar todo o pedido da área de negócio como um requisito a ser atendido como uma feature; independentemente de padrão ISO para especificação de requisitos, nível de granularidade, se ele é funcional ou não funcional. Ou seja, mapear aquele pedido para elementos concretos e tangíveis de maneira direta para um desenvolvedor; quebrar a fronteira de uma especificação funcional e uma especificação técnica.

Afinal, qual o valor de introduzir um conceito abstrato como o de funcionalidade?

Eu vejo dezenas de respostas. Não há de nossos clientes onde o investimento em nossos serviços não tenha ROI. No entanto, me sinto muitas vezes como o vendedor que tentava me vender o PC Gamer. Será que há uma resposta simples como a que, finalmente, obtive no caso de meu eixo de mídias? Um resposta que não seja 42?

Se quiser colaborar, coloque nos comentários sua visão sobre:

  1. Como você definiria o contexto geral da engenharia de requisitos, ontem e hoje.
  2. Qual a sua visão sobre o papel dos requisitos como proposta e contrato ; e quais são as partes .
  3. Na análise de negócio, ainda há fronteiras entre especificação técnica e funcional?
  4. Onde está o valor na engenharia de requisitos hoje?
  5. Como se posicionam as métricas de software nesse cenário ?