Pontos de Função Simples ou Simple Function Point

Depois de ter definido o conceito de tamanho funcional e contribuído para a evolução de padrões internacionais, o Grupo Internacional de Usuários de Pontos de Função (IFPUG) deu em 28 / 10 / 2021 o próximo passo: um método leve de medição funcional!

Roberto Meli projetou o método do Ponto de Função Simples ou Simple Function Point (SFP) em 2010 para que ele estivesse em conformidade com a norma ISO/IEC 14143-1.

Usando os dados do ISBSG em um projeto de pesquisa, Meli teve a intuição que seria possível satisfazer as necessidades de mercado por um método leve, mas ainda assim rigoroso, para aumentar a aceitação de métodos de medição do tamanho funcional (FSMM).

O método foi aperfeiçoado por especialistas e, então adquirido pelo IFPUG em 2019. Uma força tarefa do IFPUG, incluindo membros do Comitê de Medição Funcional de Software (FSSC) e do Comitê de Medição de Software Não Funcional (NFSSC), passou 2 anos analisando e experimentando com o método.

Ela completou a tarefa de entregar a Versão 2.1 do manual de SFP ainda em 2021. Depois de uma revisão detalhada, o board do IFPUG aprovou o documento para distribuição ao mercado.

O que é o Simple Function Point

O Simple Function Point, como o próprio nome indica, é uma simplificação da Análise de Pontos de Função.

De certa forma, o Simple Function Point dá passos adicionais em comparação à Contagem Estimativa da NESMA e se propõe a expressar uma nova unidade de medida – o Simple Function Point – e não ser simplesmente uma solução para produzir uma aproximação do tamanho em pontos de função.

Uma novidade muito auspiciosa é da liberação do Manual de Práticas de Contagem (CPM) para o Simple Function Point sem custos! Isso mesmo. Inclusive para quem não é membro do IFPUG. Você pode obter o CPM a partir do link a seguir:

Obtenha o CPM para o SFP

Componentes Funcionais Básicos ou Tipos de Função no Simple Function Point

Enquanto a Contagem Estimativa da NESMA compreende a identificação dos tipos de função considerando os 05 componentes funcionais básicos previstos na Análise de Pontos de Função, o Simple Function Point vai além e considera apenas 2 componentes funcionais básicos:

  • Processos elementares (sem entrar no mérito de se tratar de uma EE, SE ou CE); e
  • Arquivos lógicos (sem entrar no mérito de se tratar de um ALI ou AIE).

Portanto, não há necessidade de avaliar a principal intenção na identificação das funcionalidades do escopo de medição. E não há necessidade de diferenciar entre arquivos lógicos internos ou externos.

A complexidade no Simple Function Point

Tal qual a Contagem Estimativa da NESMA, a medição em Simple Function Point não exige qualquer detalhe adicional à própria identificação da funcionalidade, porque o método não diferencia a sua contribuição conforme diferentes critérios de complexidade.

Portanto, não há necessidade de identificação de Tipos de Dados (DET), Arquivos Referenciados (FTR) ou Registros Lógicos Referenciados (RET).

Simple Function Points como insumo para estimar o tamanho em Pontos de Função

Ainda que seja uma nova unidade de medição própria – o Simple Function Point. As medições em SFP podem facilmente servir de base para estimar a medição em pontos de função. Isso, porque há uma alta capacidade de conversão estatística com a APF tradicional.

Vantagens do Simple Function Point

  • Rápido
  • Pode ser  aplicado mais cedo no ciclo de vida
  • Exige menos detalhe
  • Fácil de aprender
  • Complementa métricas da equipe (story points) enquanto se mantém signicativo para o negócio.

O Simple Function Point e a Plataforma de Gestão de Software da FATTO

Quem já é usuário do MESUR, de nosso Centro de Orçamentos ou de nossa Fábrica de Métricas tem um novo benefício: O MESUR suporta integralmente a medição com o Simple Function Point. Nossos serviços já incluem a gestão de mudança ou a medição com o Simple Function Point.

Qual problema o Simple Function Point resolve

O contexto do desenvolvimento de software atual busca um investimento mínimo em requisitos. Não raro, os requisitos disponíveis para medição exigem a investigação de outras representações em artefatos do projeto e implementação. Por conseguinte, uma maior subjetividade é introduzida no processo de medição; que em termos práticos deixa de ser estritamente medição e passa a incluir também uma forma derivada de análise retrospectiva de requisitos.

Diferentemente do contexto no qual as empresas buscavam privilegiar a “retenção do conhecimento” e estavam dispostas a investir na elaboração de uma extensiva documentação de requisitos, hojeo mais comum é haver um Backlog cuja estrutura mistura itens com requisitos funcionais, requisitos não funcionais ou mesmo tarefas. O próprio nome história de usuário tem uma miríade de significados conforme o local na qual a técnica é usada.

Isso não é um fenômeno local. É mundial. Com o Simple Function Point, não se desperdiçam recursos em discussões que agregam zero ao negócio. Por exemplo, qual a quantidade exata dos elementos que permitem determinar a complexidade ou o tipo de uma função (campos, arquivos referenciados, tipos de registro ou a principal intenção).

Análise de RFP e os 04 benefícios da medição

Qual problema o Simple Function Point vem resolver na realidade brasileira

A mundo dos negócios busca o “Ágil”. No entanto, a preocupação com objetivos de governança corporativa seguem sendo importantes; em especial, a busca por:

  • Eliminar desperdício;
  • Garantir a transparência dos gastos; e
  • Maximizar a eficiência operacional.

Nos últimos anos, vemos alguns usuários de pontos de função questionando a sua adequação para esse novo mundo.

Isso não é uma novidade e uma constante ao longo dos mais de 40 anos de uso da Análise de Pontos de Função. Trata-se da busca pelos gerentes de software mais próximos ao “chão de fábrica” voltar para um modelo baseado na simples contratação de horas ou alocação de mão de obra. Na prática, trata-se de abandonar a sua preocupação com a produtividade.

Isso, obviamente, não é dito. O que se faz, ao invés disso, é dourar a pílula.

Dourar a pílula tem sido dar um outro nome a alocação ou a contratação de horas. No caso, geralmente as Unidades de Serviço Técnico (UST). Outra forma de alcançar o mesmo resultado é usar métricas de esforço completamente sob o controle dos desenvolvedores como se fossem métricas de produto; por exemplo, os Story Points ou mesmo a simples contagem de cartões.

Como o tratado sobre a religião cristã, escrito pelo protestante francês Jacques Abbadie, colocou:

Pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo”.

Portanto, o acórdão 1508/2020 do TCU veio em Junho / 2020 a frear esse movimento ao menos na esfera da administração pública.

Coincidentemente hoje ( 28 / 10 / 2021 ), no mesmo dia da libração do SFP pelo IFPUG, a Secretaria de Governo Digital do Ministério da Economia publica uma consulta pública sobre um novo Modelo de Contratação de Serviços de Desenvolvimento e Sustentação de Software.

Modelo de Contratação de Serviços de Desenvolvimento e Sustentação de Software

A consulta pública apresenta a proposta de normativo que irá instituir o modelo de contratação de serviços de desenvolvimento e sustentação de softwares para os órgãos do Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação (Sisp).

O modelo aborda as diretrizes que devem ser observadas desde a definição da estratégia da adoção dos serviços até a gestão das atividades relacionadas ao desenvolvimento e sustentação de software, incluindo diferentes modalidades de remuneração e as respectivas ações para tratamento dos riscos e medidas para alcance dos resultados esperados.

O modelo incentiva o uso da abordagem de desenvolvimento ágil associada ao atendimento a níveis mínimos de serviços e ao alcance de metas de produtividade baseadas em métricas objetivas, bem como estimula a adoção de critérios e de mecanismos para assegurar a qualidade técnica dos produtos de software.

Modalidades de Remuneração

O modelo estabelece diretrizes por meio da previsão de diferentes modalidades de remuneração: Pagamento por pontos de função e horas de serviços técnicos, alocação por posto de trabalho, fixo por sprint e valor fixo mensal.

Cada modelo de remuneração apresenta diferentes níveis de riscos que foram mapeados e são classificados com vistas a auxiliar na escolha da modalidade mais adequada a cada realidade.

Ainda não pudemos avaliar a proposta e, brevemente, publicamos a nossa avaliação sobre o mesmo. Nesse meio tempo, aproveite para fazer a sua análise e se identificar algum ponto de atenção ou tópico que queira discutir comigo, sinta-se à vontade de entrar em contato.